sábado, agosto 6

Resumo da II Corrida Maurício de Nassau

Sábado, 30/07/2011. Numa atmosfera de muitas incertezas, fui com Júnior, buscar o kit de corrida para maratona. Tento me recuperar das contusões. Nem sei se vou correr de fato.

Passo o sábado num mau humor terrível, reclamando das dores e de tudo. Mas elas pareciam ceder, dando espaço cada vez maior para a esperança. Já decidi que independente de qualquer coisa estarei presente, nem que seja para ver o brilho da festa.
No domingo 31/07/2011, o Recife amanheceu debaixo de um temporal. Acordo bem disposto. Começo uma conversa com o corpo através dos alongamentos e apenas a virilha continua rebelde. Melhor deixar ela quieta e tentar enganá-la.

Me alimento a base de muito carboidrato e líquidos. Reforço bastante. Visto a fantasia, coloco o Garmin no pulso, a cinta peitoral. A primeira das poucas falhas da organização do evento foi a distribuição das camisas, especificamente no tamanho delas. Muita gente reclamou. Não fui com a camisa da prova, era muito pequena.


As 06:00h da manhã parto com dona Helba do lado e chego no centro às 06:20. Estaciono e sigo pelas ruas com cheiro de xixi. É lamentável o estado de abandono. Péssima impressão para os atletas de fora e turistas.

Me dirijo para a tenda da HCJ. Com pouco tempo estávamos todos reunidos; Eu, Helba, Júnior, Elisângela, Tiago, Belinha, Porco. Parabéns a HCJ pela sua estrutura e organização. Um ótimo suporte a seus associados, colaboradores e invasores.

Começam os alongamentos. Todos se esticando. Alguns atletas correm em círculo no marco zero. Coisa bonita de se ver. Mas a chuva não dava tréguas.


Logo vem a primeira notícia: Júnior recebe conselho do treinador pra correr apenas dez quilômetros. Ele preparou a cabeça para os vinte e um mas decide respeitar o conselho.

Ficou assim: Eu e Belinha vamos correr 5Km. Tiago, Porco e Junior, 10Km. Dona Helba no apoio moral e Elisângela nas fotos.

Às 7:30 o locutor começa a anunciar a largadas das elites. A banda toca as retretas e o povo todo animado numa energia fantástica aguarda na fila. Confiro meus batimentos, na zona um (133). Muito alto com tanta emoção !

Logo na partida todo o meu grupo segue na frente. É a hora da verdade e desta vez não tenho um companheiro ao lado para ditar as regras para mim.

|Criei uma estratégia enquanto me concentrava para a corrida. Pretendo colocá-la em prática e começo logo correndo forte até a primeira subida na ponte giratória. Nesta primeira parte tenho até um desempenho bom mas sei que não vou suportar por muito tempo.

Subo a ponte diminuindo a passada, num ritmo mais confortável. Os batimentos estão elevados (182) e com a subida vai elevar mais ainda. O bom é que até agora a virilha ainda não se apresentou. Neste momento sou ultrapassado por vários corredores e corredoras.

Tento manter a cabeça no lugar, me concentrar na estratégia e esquecer as ultrapassagens. Não posso desanimar. Começo a entrar na zona de conforto onde eu corro e respiro forte mas dentro do ritmo. Reclamo da minha velocidade embora esteja limitado a ela devido aos batimentos. Neste momento já estou no topo da ponte e vejo um mundo de gente na minha frente e outro atrás. Bela imagem.

Começo a descida e as disputas com os corredores próximos. Recebo alerta do consciente e deixo isso de lado. Passo a controlar minhas ações. Logo a seguir, sinto que devo correr um pouco mais pra ganhar tempo. Preciso me preparar para a segunda subida, do viaduto.

Subo o viaduto num trote leve, me economizando um pouco. Tento não caminhar. Por enquanto isso está fora de cogitação. Sou bastante ultrapassado. Mas continuo na luta. Alguns corredores que me ultrapassaram estão parando ao longo do trajeto. Sigo firme.

Já estou na reta do cais Estelita e sinto um pouco de fome. Deve ter baixado a glicose. Tomo o isotônico. Me recomponho. Estou na expectativa do ponto de hidratação e do retorno de 5Km, a metade da prova. Programei beber a água caminhando pra dar um refresco no corpo. Caminho uns poucos metros e já sigo correndo.

Faço o retorno e diminuo um pouco o ritmo. Encaixo uma boa passada que pretendo seguir até o viaduto novamente. Desta vez vou subir andando para baixar meus batimentos atá 145. É o jeito e faz parte da estratégia.

Confirmo que tem um senhor corredor que está na minha cola. Tem aproximadamente a minha idade e corre muito bem mas sempre desacelera e quando chego próximo, ele acelera novamente, ficando sempre na frente. Isso vem desde o início da corrida.

Me aproximo da subida da ponte giratória. O vento muito forte, a chuva e a umidade dificulta mais ainda a corrida. Bem próximo a subida, sou ultrapassado por Júnior que vem virado dos 10 quilômetros. A palavra de incentivo dele foi tão grande que esqueço todo o cansaço e crio forças.

Já estou no paço alfândega e o final da corrida se aproxima. Entro na avenida Rio Branco e faltam pouco mais de setecentos metros. Na minha estratégia, este é o momento de “secar o tanque”. Dou todo o gás possível e pela primeira vez passo o corredor anonimo abrindo uma boa vantagem e sigo em direção a linha de chegada.

Perto da linha de chegada ouço os gritos: “Vamos lá Eric, Vamos lá sr Eric, Força, Força !!” Era Helba e Elisângela. Foi musica aos meus ouvidos. Acelero tudo o que posso e ainda me lembro de levantar as mãos na hora da passagem.

Cheguei. Passei a linha de chegada. O momento mais mágico da minha vida !

3 comentários:

  1. Valeu Eric. Isto se chama superação, garra e é bom para não perder a pose de vencedor.
    Mario Roberto

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  2. Valeu Roberto. Quem sabe um dia não vamos dar umas pedaladas juntas e lembrar da nossa juventude onde você era "o cara" no pedal, na sua "Gorike" Não é mesmo?
    Eu pedalava na minha Monark barra circular verde(é isso?), mas atua é que era bonita, ehehehe

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